Testes de Pot Hole e Torção, a prova de fogo para Suspensão e Carroceria

Ford Focus durante sessão de teste de Pot Hole no Campo de Provas de Lommel, Bélgica.
Foto: Autoblog.


Com todas essas estradas e ruas esburacadas você deve imaginar o nível de exigência no qual os componentes da suspensão são submetidos. Não me prolongo em dizer que existem contratos milhonários entre fornecedores e montadoras para fornecimento de peças com qualidade garantida.
Mesmo assim nenhum projeto é aprovado se não houver uma baterias de testes para validar os componentes, e pode acreditar, esses testes são realmente pesados!
Um dos testes realizados para validar a suspensão e a estrutura do veículo como um todo(entenda chassi e carroceria) são os fadigantes Pot Hole test e Torsion test, e é sobre eles que o quadro de matérias técnicas do CA vai falar!

Pot Hole Test:

Buracos, buracos e mais buracos. Não, não estamos falando de nossas ruas e estradas, estamos falando da pista de Pot Hole, uma pista repleta de buracos e valetas que metem medo nas suspensões mais parrudas. Simulam através de buracos e batentes condições precárias de rodagem. Estes obstáculos são dispostos de forma alternada e em cada lado da pista, para que as rodas os atinjam de forma desencontrada.

Pista de Pot Hole nas fotos da esquerda e direita, a foto do meio ilustra o teste na pista de pedras(cobblestone).

O teste é feito da seguinte forma, o veículo é posto em idle(marcha-lenta em inglês) e engatado em terceira macha, o motorista de testes deixa que a força do motor mova o veículo em marcha-lenta pela pista esburacada e apenas controla o volante para evitar que o veículo tome alguma direção indesejada. A velocidade atingida nessas condições é de cerca de 20-25km/h, e se você pensa que é pouco, experimente fazer isso com o seu carro no mais fraco buraco da sua rua. Agora imagina fazer isso por horas e horas a fim de atingir os ciclos estabelecidos pela engenharia? Até mesmo para o motorista é uma prova de fogo, segurar as vibrações e pancadas que nem sempre são absorvidas completamente pela suspensão, principalmente em carros protótipos.

Quando a roda dianteira esquerda está atingindo um obstáculo ou caindo em um buraco, a roda diagonalmente oposta a ela esta passando sobre uma elevação ou por um rebaixo e assim sucessivamente. Isto tem a finalidade de forçar ainda mais o conjunto, pois a suspensão resiste mais impactos quando ambos os lados estão sobre esforço, quando apenas um é forçado, isto tende a concentrar mais as cargas impostas individualmente em componentes como molas, amortecedores, bieletas, buchas, mangas de eixo e pneus.

A coleta de dados é feita pelo motorista durante o teste, antes e depois de cada início de ciclo com avaliações undercar(parte de baixo do veículo) e substituindo as peças danificada por novas, com as danificadas indo para estudo e notificação do fornecedor se necessário. O motorista registra toda e qualquer anomalia percebida durante o teste, e são muitas... Um dia de testes de Pot Hole é o suficiente para o interior do veículo está lotado de grilos e rangidos.

O objetivo do teste é por a prova, principalmente, todos os componentes da suspensão contra pancadas e impactos. Buchas, batedores, amortecedores, molas e bieletas passam por uma grande avaliação é não é comum fazer as barras estabilizadoras se soltarem(!!!), batedores e bieletas rasgarem. E por consequência é possível fazer a avaliação mangueiras e componentes de fixação no cofre do motor, é muito comum também mangueiras se soltarem e fixações de tubulações e fios terra se romperem.

Torsion Test:

Semelhante ao teste de Pot Hole, o teste de Torção gera muito mais esforço no carro do que o teste de Pot Hole. Como o próprio nome diz, aqui o veículo e posto a prova contra torção em uma pista repleta de obstáculos dispostos de forma alternada, assim como na pista de Pot Hole. Contudo, os obstáculos são pequenas rampas e declives.

Teste do torção dentro de um avião.
Foto: Gazeta do povo.

Funciona da seguinte forma, cada rampa é disposta de um lado da pista, nunca há duas rampas lado-a-lado, ao lado de uma rampa está um pequeno declive. Isso faz com que o veículo, ao passar com as rodas dianteiras por um conjunto rampa e declive, passe também com as rodas traseiras sobre o conjunto rampa e declive anterior, sendo que este de forma invertida. Por exemplo, se a roda dianteira esquerda está subindo uma rampa e a dianteira direita está em um declive, a traseira esquerda está em declive e a traseira direita está subindo uma rampa.

Exemplo de teste de torção extremo.
Foto: Flatout


O teste começa com o motorista mantendo o motor em marcha-lenta, engata a primeira marcha e libera o veículo para se movimentar com a própria força do motor. A velocidade obtida neste teste é varia entre 8-10km/h. Parece pouco, mais é o suficiente para torcer a carroceria inteira, e caso o veículo venha a andar acima dessa velocidade, certamente será jogado para fora da pista.
Enquanto que o teste de pot hole põe o veículo a prova contra impactos, aqui o objetivo é gerar esforços de torção nas estrutura do veículo de forma constante simulando condições de uso severo.

A partir desse teste, é possível avaliar o nível de rigidez a torção do chassi e/ou carroceria, podendo observar trincas, alinhamento de portas, vedações dos vidros e para-brisas, além de causar esforços excessivos nas suspensão, barras de torção(ou estabilizadoras), tensores e barra panhard(caso o veículo possua) são postos a prova.
O veículo é inspecionado antes e depois do teste, além do motorista coletar todas as informações obtidas durante o teste, ou seja, cada ruído ou funcionamento anormal é anotado e depois verificado para definição de sua causa raiz, caso algum componente venha a quebrar durante o teste, procede-se a sua substituição e notificação do fornecedor.
Estes dois testes são importantes fases de desenvolvimento de um veículo antes deste chegar as ruas.

Confira no vídeo abaixo como a Ford executa esses testes em seu campo de provas em Lommel na Bélgica:


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